terça-feira, 23 de julho de 2013

Como é bom ter um governo enorme. Os governantes agradecem.

Dois eventos recentes que aconteceram no estado de Pernambuco, me chamaram a atenção quanto ao papel do governo nos dois casos. Na BR-101, um carro bateu em um caminhão que estava parado no acostamento tentando desviar de um buraco que estava na pista, o acidente matou o pai e a mãe de duas crianças que estavam atrás e graças a Deus as meninas sobreviveram. Um outro acontecimento foi na praia de Boa Viagem, onde uma adolescente de 18 anos morreu devido ao ataque de tubarão, mesmo tendo sido avisada de que não deveria nadar naquela região.

Sabemos que como regra geral na nossa vida, fazer diversas coisas ao mesmo tempo significa que não conseguiremos fazer nada direito, pelo menos não na qualidade desejada para cada ação individual. Me impressiona no entanto que o exato oposto disso é como a grande maioria dos brasileiros pensa que deve ser a atuação do governo.

No caso do acidente na BR, não podemos de maneira nenhuma culpar diretamente o governo pela morte dos pais no acidente de carro, talvez o carro estivesse rápido demais ou o motorista não teve o devido cuidado, mas independente de qual outro motivo que seja, é inquestionável que o governo não fez sua parte nesse caso. Na verdade a BR-101 de Pernambuco deve estar entre as piores do Brasil, um verdadeiro buraco com pedaços de estrada, mas o que mais me incomoda é que o resultado negativo de tal negligência dificilmente será sentido nas urnas e o motivo disso é exatamente o tamanho do governo.

O governo tem atribuições demais e como ele possui todas essas áreas de atuação, julgar o governo como um todo fica muito difícil. Quando chega a hora da eleição é muito assunto pra discutir e o resultado disso é tanto o governo quanto os eleitores se prenderem a eventos individuais. O governo vai listar as "coisas boas" e a população vai elencar uma ou outra coisa visível que foi positiva. NÃO EXISTE GOVERNO QUE FAÇA TUDO ERRADO! Se ele precisa fazer um monte de coisa, alguma coisa ele vai fazer certo, mas muito mais coisas ele vai fazer errado e não espere o próprio governo ou a bancada do governo no legislativo trazer esses assuntos à tona.

Os muitos acidentes e vidas ceifadas nas estradas no Brasil são só números em período de eleição e isso é um resultado direto das inúmeras atribuições do estado brasileiro.

O segundo caso é uma situação mais esdrúxula ainda, não bastasse a clareza da deficiência do governo no caso das estradas, é de cair o queixo ver as pessoas culpando apenas a nadadora pela imprudência, como se tubarão em Boa Viagem fosse um evento raro. Dizer que a menina foi avisada e que isso basta para resolver o problema, é simplificar demais a atuação de um governo em um ambiente público. Como exemplo cito o aparato do estado em uso nas costas da Austrália, onde diga-se de passagem funciona relativamente bem. Aqui no Brasil a população se satisfaz com um aviso de perigo, ora e se eu dissesse que andar em um certo local possui um perigo real de ser assaltado? Já avisei correto? Terminou minha responsabilidade? Claro que não.

O governo pode fazer muito mais que  isso, aqui em Recife não temos uma quantidade grande o suficiente de salva-vidas para cobrir toda a costa, os postos de observação não são suficientes e os alertas praticamente não funcionam. Existem ainda outras alternativas como recifes artificiais, redes de proteção e muitas outras formas de precaução até o exagero de ameaçar a remoção a força de pessoas teimosas das áreas de risco.

Isso serve para elucidar um outro problema de muitas atribuições do governo, pois áreas historicamente negligenciadas continuarão dessa forma até que apareça a boa vontade dos governantes e isso pode ser amanhã como pode ser nunca.

A solução mais apropriada para essas e outras situações é menos governo. Quanto menos responsabilidades um governo tem, mais fácil será de julgar suas ações. Especificamente acredito que as estradas federais e estaduais deveriam ser privatizadas e o dinheiro que seria gasto na manutenção das mesmas ser devolvido para a população. No caso das praias, poderia haver algum tipo de arranjo entre os vendedores e barraqueiros da beira-mar ou talvez as pessoas que moram mais próximas poderiam pagar um imposto específico para isso e caso nada disso seja possível, ainda assim diminuir a atuação do governo em outras áreas traria mais atenção para essa área em particular, ou seja, de toda forma menos governo é melhor para a sociedade.

Para as pessoas que vivem pedindo mais "políticas públicas", é bom lembrá-las que mais atuação política em um determinado assunto, tira um pouco o foco de todas as outras responsabilidades que o governo já possui e que no Brasil quase nenhuma delas funciona a contento.


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